Um menino pequeno e franzino se postou
perante seu Mestre, que se encontrava sentado em um banco feito de bambu e
folhas marrons, no meio de uma floresta de árvores secas.
Meio sem jeito, disse baixinho:
- Mestre... queria lhe perguntar uma
coisa..
E o Mestre, com um sorriso discreto,
aguardou.
- Porque sentimos algo que não queremos
sentir?
O Mestre o olhou com atenção.
- Não se pode querer controlar tudo. Os
sentimentos são uma parte de nós que não controlamos como o resto. Por isso
sentimos, e não raciocinamos para isso.
- Mas é possível que passemos a sentir
algo que não sentíamos antes? Algo que sempre achamos errado?
O Mestre respondeu calmamente:
- É possível. Porque os sentimentos são
imprevisíveis e, como parte de nós, também são mutáveis - e olhando para o
pequeno garoto, perguntou com certa curiosidade - Mas porque um menino tão
jovem se preocupa com uma questão tão adulta?
E o menino, sem hesitar:
- Porque percebi que penso mais como eles
deveriam, e vejo que eles se comportam como eu deveria.
O Mestre então, colocou o menino em seu
colo e acariciou seus cabelos arrepiados.
- Esse é mais um mistério da nossa vida,
meu pequeno. Ainda que sejamos controlados pela idade que temos, somos pegos de
surpresa por uma parte de nós que não se deixa controlar pela idade.
- E o que devemos fazer? - perguntou o
menino.
- Por incrível que lhe pareça - disse o
Mestre com um suspiro - tentar nos manter sob controle.
- Mas como controlar o que não tem
controle?
O Mestre, então, perdeu-se em pensamentos
profundos.
- Muitas vezes, tentar na busca pelo
impossível vale mais do que agir pelo que se conseguirá sem esforço. Mas vá
brincar, meu pequeno. Não se deixe consumir por questões tão profundas.
- E o que farei quando me sentir errado? -
perguntou o garoto, já saindo.
O Mestre sorriu.
- Apenas seja criança. Para você, pequeno,
é o que basta.
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- Bia
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